top of page

Agora você conta com um assistente de leitura, o chatGPT responde suas perguntas sobre a postagem que está lendo. Somente abra o chat abaixo e faça perguntas!

Foto do escritorOscar Paz

Universidade Popular: Saída de mão única para o elitismo arraigado nas universidades.

Atualizado: 26 de set. de 2022



Ao longo de mais de 10 anos já vividos no ambiente universitário, entre a graduação e a pós, é perceptível a mim, como observador e vivente da comunidade acadêmica que nossas universidades insistam em permanecer elitistas e fechada a drásticas (e boas) mudanças. Especialmente nas áreas das engenharias e saúde, observa-se que é vedado aos pobres frequentar quaisquer cursos destas áreas. Mesmo os trabalhadores que frequentam, fazem um esforço hercúleo para conciliar as jornadas, pois a oferta de componentes curriculares nas universidades públicas é quase que exclusivamente diurna. Os cursos ofertados nas áreas em epígrafe, em período noturno, são uma exceção à regra, se é que existem.

Quando os trabalhadores não podem frequentar uma universidade pública, pela incompatibilidade de horários (e de casta social), resta sacrificar seus parcos proventos e pagar pelo conhecimento e obtenção do almejado título, em instituições privadas. Em sua maioria, meras máquinas de emitir diploma, sem compromisso formar cidadãos com o mínimo de senso crítico e de conscientização da responsabilidade dos seus alunos com a sociedade, restringindo-se a uma relação puramente mercantilista (cliente versus fornecedor).

A exclusão dos pobres pela própria universidade inicia-se ainda no âmago do processo seletivo, muito antes de se adentrar nela. Políticas públicas de acesso e universalização ao ensino superior foram implantadas em anos passados, dando outra cara à universidade, que ficou diversa. Criando assim oportunidades para que milhares de pessoas pudessem ter, enfim, perspectiva de vida e de consequente progresso pessoal, profissional e social, sendo amplamente beneficiadas (das quais este autor inclui-se), deixando assim a universidade dinâmica, avivando-a. Todavia, faltou a esta assimilar o novo contexto.

Porém, mesmo após a frágil consolidação destas políticas (que passam por revisão no presente ano, fiquemos vigilantes!), ainda mais nesses tempos no qual vivemos, onde a universidade é vista como uma inimiga (imaginária, diga-se de passagem), por parte infame de nossa casta política e social, a universidade pública insiste em permanecer engessada, elitista e excludente. Ela mesma define quais cursos são destinados às elites e quais outros restam à classe trabalhadora. No fim, o termo universidade é vazio de propósito (nos sentidos doloso e de finalidade).

Além destes problemas, meio acadêmico é bastante pedantista, sendo a mácula mais grave da universidade. O conhecimento, que deveria encantar, é utilizado sistematicamente para humilhar. Especialmente aos que estão como discentes, na graduação e na pós, sem falar na briga de egos existente. Se Hans Staden estivesse novamente no Brasil, e frequentasse o âmbito universitário, descreveria ver novamente uma fagocitose digna de Cunhambebe, em todos os níveis (discentes e docentes). Isso desgasta bastante a comunidade acadêmica, desnecessariamente.

O resultado disso é uma universidade distante da sociedade, fechada em si, narcisamente, como se estivesse no próprio Monte Olímpo, servem a esta de forma superficial, ainda assim minando e restringindo o acesso, como já dito anteriormente.

Devemos todos nós, que fazemos parte da universidade, seja como docentes, discentes ou servidores, termos a consciência de que esta só será elevada ao grau de reconhecimento tão esperado quando tivermos em mente que a universidade deve ser POPULAR, sem que isso acarrete numa perda de qualidade naquilo em que ela se propõe: formar cidadãos altamente qualificados e conscientes de seu papel perante a sociedade, que investiu em seus estudos e dando retorno a esta, em forma de propor melhorias ao estado de bem estar social.

A ampliação do acesso ao ensino superior público e gratuito permitiu uma maior qualidade dos seus alunos, e não a degradação, como imaginado antes por uma minoria bazófia da comunidade acadêmica, contrária preconceituosamente à política de cotas, por exemplo, mas sim, como forma de aproximação e até mesmo aglutinação dos anseios esperados pelo povo, fortalecendo-a. É preciso franquear e universalizar ainda mais seu acesso, tal qual fizeram, pioneiramente, os estudantes de Córdoba, em 1918.


A universidade é capaz disso. Falta se descobrir.

A universidade está entre a luz e as sombras, ainda. Foto da fachada do IFPE, campus Recife, Alma Mater do autor (Foto do próprio).



 








 

Nota do editor. Esse artigo representa a opinião do colaborador. Dou total liberdade aos escritores! Considero a liberdade intelectual um dos pilares da ciência.


Escreva para nosso blog! ✍🏽✍🏽

Gostaria de propor um assunto! Entre em contato!


 

O autor liberou esse artigo sobe a licença CC 😍😍😍 we love Wikipedias


Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de utilização.


171 visualizações5 comentários

5 Comments


Jorge Guerra Pires
Jorge Guerra Pires
Mar 06, 2022

Olá Oscar, em Mariana tem uma universidade aberta. Adorei a iniciativa. As pessoas podem estudar, sem seleção, pelo que pude entender. Cursos são ofertados, inclusive superior.

Como isso se relaciona ao seu conceito?

seria o mesmo?

Valeu! Adorei o escrito, bem reflexivo.



Like
Jorge Guerra Pires
Jorge Guerra Pires
Mar 09, 2022
Replying to

Obrigado! 😀

Uma vez vi que a universidade tradicionalmente resolvia problemas da sociedade. Que em algum ponto a universidade se afastou da sociedade. Isso sempre me incomodou esse afastamente.


Like

Jorge Guerra Pires
Jorge Guerra Pires
Mar 05, 2022

"Ao longo de mais de 10 anos já vividos no ambiente universitário, entre a graduação e a pós, é perceptível a mim, como observador e vivente da comunidade acadêmica que nossas universidades insistam em permanecer elitistas e fechada a drásticas (e boas) mudanças." Oscar


"Mimosa pudica é uma planta interessante: basicamente, quando se encosta nela, ela se fecha, encolhe; acredito que deva ser um sistema de proteção.....mencionei para ela essa minha opinião da forma como o mundo acadêmico brasileiro parece funcionar: como essa flor. " Jorge Guerra Pires, Meus ensaios selecionados do Medium: Uma crítica ácida ao mundo acadêmico, em construção



Like

Jorge Guerra Pires
Jorge Guerra Pires
Mar 05, 2022


Like
Suporte
Apoiar
bottom of page