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O fim do monopólio intelectual: entre status e liberdade | opinião



Recentemente, tentei convidar um palestrante para falar no meu canal, para minha surpresa:


“Eu teria que ver o canal (me manda o link!). Mas, e isso talvez acabe sendo o motivo para não fazermos, agora só participo de programas pagos. Meu valor é de 150 dólares por hora (proporcional, mínimo de 100).”

O valores são em dólar uma vez que ele é norte-americano.


Eu já recebi pessoas, mesmo desconhecidos, nas minhas lives, mas nunca tive de pagar.

Sabemos do casos das publicações, ou pague ou não publique. Se publicar, publique em jornais de baixa circulação. Temos até o caso da Elsevier que disse cobra proporcional ao coeficiente de impacto.


Não sei se esse apresentador, um excelente pensador por sinal, é um caso isolado, de alguém tentando sobreviver fora da academia, como eu mesmo, ou se isso é uma realidade norte-americana ainda não comum no Brasil, achei peculiar.


Muitos falam da "uberização da pesquisa". Seria real? ou somente uma percepção errada de que aquele professor que admirava não mais representa a realidade da vida acadêmica? cada pesquisador teve de lidar com as mudanças nas suas gerações. Como exemplo, o Publish or Perish é recente, apesar de que muitos pesquisadores parecem achar que sempre foi assim. Einstein não enfrentou isso, nem os descobridores do DNA.



Durante décadas, ser intelectual significava estar abrigado sob o teto de uma instituição. Universidades, centros de pesquisa e institutos culturais funcionavam como os templos da produção do saber. Quem não pertencia a esses espaços era, em geral, visto com desconfiança: não era um "intelectual sério". Esse tempo acabou.

Vivemos hoje uma reconfiguração radical do papel do pensador. A universidade não é mais o único lugar onde se produz conhecimento relevante. Hoje, pensadores independentes podem construir audiências próprias, publicar livros, dar cursos, manter canais, debater ideias. E podem fazer tudo isso sem pedir permissão a uma banca, a um comitê editorial ou a um reitor.

Essa liberdade, porém, cobra um preço: a estabilidade desaparece. Se há uma precarização do trabalho intelectual, ela é real. Mas precisa ser compreendida dentro de um novo contexto: não se trata apenas de empobrecimento, mas de emancipação. O intelectual de hoje talvez ganhe menos, mas escreve e pesquisa o que quer. Não precisa moldar sua agenda ao sabor de editais, orientações institucionais ou modismos acadêmicos.

Não é um dilema novo. Cientistas refugiados da Segunda Guerra também viveram condições duríssimas. Foram pagos com migalhas para trabalhar nos laboratórios norte-americanos. Havia ali uma precarização imposta pela guerra, mas também um recomeço forçado. Hoje, a precarização do intelectual não vem das bombas, mas da abundância: há mais doutores do que nunca, mais programas de pós-graduação, mais conteúdo circulando. E também mais autonomia.

Talvez estejamos assistindo à transição do intelectual de cátedra para o intelectual em rede. Alguém que não tem o mesmo prestígio institucional, mas alcança um público muito maior. Que não segue padrões curriculares, mas que cria debates vivos. Que é autônomo em seus temas e em seus meios. Essa figura é incômoda porque rompe o monopólio simbólico da universidade.

Chamá-la de precarizada pode ser preciso. Mas também pode ser simplificador. Porque o que está em jogo é um novo contrato: menos segurança em troca de mais autenticidade. Menos reconhecimento institucional em troca de mais liberdade epistemológica. Menos carreira, mais autoria.

Talvez a pergunta correta não seja "está havendo precarização?". Mas sim: que tipo de liberdade queremos ter como intelectuais? E o que estamos dispostos a pagar por ela?










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