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Universidade no TikTok: inovação radical ou rendição cultural?



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O ensino sempre passou por mudanças. Como exemplo, mas existem muitos, as universidades tinham um tom mais prático, mais do próximo do que hoje chamamos de Ensino Técnico. Hoje a universidade se distanciou da realidade e da sociedade. No painel abaixo, que estou usando como fonte, isso também aparece: o distanciamento das universidades na comunicação com o público. Hoje, um divulgador da ciência tem que fazer isso por amor, ou ser um dos poucos que as universidades permitem eles "comunicarem" com a sociedade, e ainda assim serem considerados "produtivos".


Uma década atrás, a ideia de que professores universitários precisariam estar no TikTok para defender a ciência e ensinar seria recebida com riso ou escárnio. Hoje, é pauta de painéis acadêmicos sérios. Professores estão sendo convocados a “ocupar” redes sociais de consumo rápido, como TikTok, Instagram Reels e YouTube Shorts. Alguns veem nisso inovação. Outros, desespero. A pergunta que paira é incômoda: estamos reinventando a universidade — ou apenas aceitando sua derrota silenciosa no campo da atenção?


Richard Dawkins, ateu militante e biólogo disse algo como "para que ir à universidade se você aprende tudo online". Concordo plenamente. Eu tenho dificuldades de ver o que Harvard tem para oferecer além de um nome de peso, como "formei na Harvard". Posso estar enganado, mas hoje, qualquer coisa que aprenderia na Harvard pode ser aprendido online. Qualquer livro pode ser encontrado online, qualquer artigo pode ser encontrado online.


Não vamos focar nisso, mas existem também efeitos colaterais. Um professor de medicina relatou para mim que um aluno fez um procedimento invasivo no paciente, por que viu no TikTok. Segundo o professor, o procedimento foi totalmente desnecessário.




Quando a universidade sai da universidade


As universidades estão deixando de cumprir um de seus papéis mais fundamentais: formar consciências críticas e públicas. Em vez disso, assistimos a uma guinada burocrática, meritocrática e autocentrada, onde "produtividade" significa publicar em inglês, para pares, em revistas fechadas, enquanto a sociedade arde em desinformação.

Mas o saber insiste. E quando expulso, se reinventa em outros espaços.

A reitora de direito da Columbia, demitida por razões que os jornais não detalham, não silenciou. Em vez disso, começou a oferecer gratuitamente suas aulas de direitos civis em parques públicos de Nova York. Um gesto simples, quase primitivo, mas profundamente subversivo. Como se dissesse: se a universidade me nega espaço, eu ensino onde houver chão, ar e gente disposta a escutar. Conhecimento sob as árvores.

Já na Hillmantok University, um grupo de professores de faculdades historicamente negras decidiu transformar o TikTok em sala de aula. Começou com uma professora postando sua ementa para 35 alunos. Rapidamente, virou movimento. Dezoito docentes, milhões de visualizações, e uma proposta clara: se querem banir os Estudos Afro-Americanos, vamos ensiná-los publicamente, viralmente, inevitavelmente.


Ambos os casos mostram que não estamos mais falando apenas de formatos novos, mas de novos sentidos para o ensino. Não se trata apenas de "comunicar melhor", mas de resgatar o sentido público do saber. De lembrar que o conhecimento que não circula fora da torre de marfim estanca, empobrece, morre.

A universidade precisa reaprender a ensinar fora de seus muros. Não por capricho, mas por sobrevivência. Ou ela reaprende a ser necessária, ou será substituída — por parques, por aplicativos, por memes, por qualquer espaço onde a fome de saber encontre quem a alimente.

O ensino nunca foi fixo. Já foi oral, já foi grego, já foi manuscrito em mosteiros, já foi técnica, já foi erudição. Hoje, talvez precise ser resistência.



O caso Hillmantok: criatividade ou sintoma?


Cathy Davidson, em uma conferência recente, destacou a "Hillmantok University", um coletivo de educadores que, diante da censura de estudos afro-americanos em vários estados dos EUA, resolveu disponibilizar cursos inteiros no TikTok. O conteúdo, antes restrito a uma sala de aula com 35 alunos, alcançou milhões. Uma vitória? Sem dúvida. Mas também um sintoma agudo da falência institucional: se é necessário recorrer ao TikTok para ensinar o que foi banido nas universidades, o que resta do pacto universitário com a liberdade acadêmica?

Acessibilidade vs. profundidade

TikTok é acessível. É viral. É popular. Mas ele foi projetado para capturar atenção, não para cultivá-la. O conteúdo educativo ali precisa ser comprimido em pílulas de 30 a 60 segundos, muitas vezes acompanhadas de música, cortes rápidos e legendas sensacionalistas. A lógica da plataforma molda o conteúdo. O saber precisa dançar — ou é ignorado.

Isso levanta uma tensão: é possível ensinar pensamento crítico em uma arquitetura projetada para distração? Até que ponto o saber pode ser comprimido sem ser desfigurado?

A ilusão da liberdade em plataformas privadas

Há uma ironia que poucos querem enfrentar. Enquanto professores fogem da censura institucional ou estatal, refugiam-se em plataformas privadas que são, elas próprias, zonas de censura algorítmica opaca. O caso da própria Hillmantok University, que sofreu shadow banning, evidencia isso. O algoritmo não se importa com a missão educativa. Ele se importa com retenção, clique e lucratividade. Troca-se a censura estatal por uma censura comercial.

A universidade sempre foi, em tese, um espaço de autonomia. No TikTok, ela é apenas mais um canal em uma linha do tempo que mistura astrologia, teorias da conspiração, dança e marketing.


Storytelling acadêmico: estratégia ou capitulação?


O esforço das universidades para "melhorar sua narrativa" e tornar-se mais "atraente" é legítimo — mas perigoso. Quando a linguagem do marketing se torna norma, o risco é que a universidade deixe de ser uma instituição contra-hegemônica e se torne apenas mais uma voz tentando sobreviver na selva da atenção. O saber vira “conteúdo”, o professor vira “criador” e a pesquisa vira “engajamento”.

Estamos realmente comunicando o valor da ciência, ou apenas nos adaptando à lógica do entretenimento para não sermos esquecidos?


Precisamos de alternativas, não só adaptações


Entrar no TikTok pode ser taticamente necessário. Mas estrategicamente, precisamos de mais. Plataformas abertas, públicas, auditáveis. Infraestruturas digitais que não dependam do humor de CEOs ou de algoritmos invisíveis. Precisamos imaginar um espaço onde o saber possa circular sem pedir licença a corporações, e onde professores não precisem competir com vídeos de gatinhos para ensinar o básico sobre epistemologia ou história da escravidão.


Conclusão: entre resistência e rendição


A presença universitária no TikTok é ambígua. Pode ser leída como resistência criativa — mas também como adaptação passiva a um ecossistema hostil à complexidade. O risco não é apenas epistemológico. É existencial.

A pergunta final não é se devemos ou não estar no TikTok.

A pergunta é: o que estamos deixando de ser ao aceitar essas regras do jogo?

Se quiser, posso adaptar esse texto para publicação direta na sua página do Medium, com tags e sugestões de imagens. Deseja fazer isso?




Os painelistas mencionam o TikTok como uma nova

forma de engajamento e disseminação do conhecimento, especialmente em um cenário onde a liberdade acadêmica e certos campos de estudo estão sob ataque:

  • Resiliência e Inovação na Disseminação do Conhecimento: Cathy Davidson oferece um exemplo notável da "Hillmantok University" no TikTok. Ela descreve como uma professora, em resposta à proibição de estudos afro-americanos em algumas universidades, colocou seu plano de estudos de introdução aos estudos afro-americanos no TikTok. Inicialmente para 35 alunos, essa iniciativa rapidamente atraiu milhões de pessoas quando outros 18 professores de faculdades historicamente negras se juntaram, oferecendo suas aulas gratuitamente.

  • Atingindo um Público Mais Amplo: O exemplo da "Hillmantok University" demonstra a busca por "outras formas de entregar essas coisas" e manter o conhecimento e o questionamento acessíveis, mesmo quando os cursos e programas são banidos em instituições tradicionais. Para ser parte da "Hillmantok University", basta estar no TikTok, não sendo necessário ter um diploma universitário ou pagar mensalidades, tornando o conhecimento amplamente acessível ao público.

  • Resistência à Censura e Defesa da Verdade: Essa adaptação a plataformas como o TikTok surge como uma forma de resistência diante de ameaças como a negação da ciência, o banimento de livros e a não permissão da escravidão em livros didáticos em muitos estados. Cathy Davidson enfatiza que essas não são "questões neutras" e que as universidades precisam lutar por "coisas que são verdadeiras e reais e importantes". O uso de plataformas não convencionais, como o TikTok, reflete a determinação em continuar defendendo a verdade e difundindo o conhecimento.

  • Imaginação e Adaptação: Maurice Wallace e Shelly Eversley destacam a importância da "imaginação" e da capacidade de "pensar criativamente, adaptativamente" para superar os desafios impostos às universidades. A ideia de usar o TikTok para a educação exemplifica essa necessidade de "ver algo que ainda não existe" e construir algo novo a partir das adversidades.

Embora o TikTok seja uma plataforma proprietária e suscetível à censura (como o "shadow banning" que afetou a "Hillmantok University"), o fato de professores estarem recorrendo a ela e a outras iniciativas abertas (como aulas gratuitas em parques) demonstra o compromisso em tornar o trabalho das universidades visível e irresistível para o público. As universidades estão aprendendo que precisam trabalhar em sua "narrativa" (storytelling) e comunicar o valor da educação superior de formas que o público compreenda e se engaje. A colaboração e a busca por "terceiros espaços" onde universidade e comunidade criam juntas também são enfatizadas como estratégias cruciais.


Professor demitido por publicar suas aulas no Tik Tok



Cathy Davidson menciona que ouviu falar da "reitora de direito da Columbia, que foi demitida, [e] está ensinando sua aula de direitos civis e leis como uma aula gratuita em parques em Nova York agora". Este exemplo demonstra uma forma de resistência e resiliência, onde o conhecimento continua sendo disseminado após uma demissão, adaptando-se a novos "terceiros espaços" ou plataformas públicas para alcançar o público.

É importante notar a diferença em relação ao caso da "Hillmantok University" no TikTok, também mencionada por Cathy Davidson. Neste caso, uma professora de uma faculdade historicamente negra (North Carolina Agricultural and Technical College) colocou sua ementa de introdução aos estudos afro-americanos no TikTok. Inicialmente para 35 alunos, a iniciativa rapidamente cresceu para milhões de pessoas quando outros 18 professores de faculdades historicamente negras se juntaram, oferecendo suas aulas gratuitamente. O objetivo era manter o conhecimento e o questionamento acessíveis, especialmente porque os estudos afro-americanos estavam sendo banidos em algumas universidades. Embora o TikTok seja uma plataforma online, e a iniciativa tenha enfrentado "shadow banning" (o que fez com que os números caíssem drasticamente, tornando difícil o acesso ao conteúdo), as fontes não indicam que a professora original foi demitida por ter publicado suas aulas online; em vez disso, a ação foi uma resposta à censura e banimento de certos campos de estudo.

Portanto, as fontes mencionam explicitamente o caso de uma reitora de direito demitida que continuou a ensinar de forma pública e acessível, o que ressalta o tema da resiliência e da busca por "outras formas de entregar essas coisas" para manter o conhecimento e o questionamento acessíveis, mesmo diante de desafios e censura.






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